Frédy Kunz, o pe.          Alfredinho, nasceu em 9 de fevereiro de 1920 e faleceu em 12 de agosto          de 2000.
É conhecido como o “missionário” do Servo Sofredor e o companheiro dos pobres. A Irmandade do Servo Sofredor que ele mesmo fundou e com a qual se identificou resume todo o itinerário espiritual de sua vida.
É conhecido como o “missionário” do Servo Sofredor e o companheiro dos pobres. A Irmandade do Servo Sofredor que ele mesmo fundou e com a qual se identificou resume todo o itinerário espiritual de sua vida.
Da Silva (Convergência, 2000), autor em que nos inspiramos, escreveu          que “a grande contribuição de Alfredinho não          é outra senão chamar nossa atenção para os          pobres, os sofredores, mostrar que o lugar deles é o coração          mesmo do Evangelho, que o seguimento de Jesus é inseparável          do serviço aos Pobres, e que só a partir dos últimos          da sociedade é que se pode incluir e amar a todos” (p.636).          Alfredinho convida-nos a centrar o nosso olhar não tanto sobre          sua pessoa, miúda e silenciosa, mas na “doce Trindade”          que acolhe e vivifica a vida dos pobres. “Os Sofredores, associados          à Paixão do Senhor e à cruz do Calvário são          a fonte inspiradora de sua espiritualidade”. Ele dizia: “Os          pobres são os meus mestres”. Deixou-se evangelizar pelos pobres          que vivem o Evangelho, às vezes sem sabê-lo.
|  “Há criaturas como a cana: mesmo postas no moenda, esmagadas de todo, reduzidas a bagaço, só sabem dar doçura” Dom Hélder Câmara | 
Alfredinho tinha um pé no chão cotidiano dos excluídos          e o outro nas fontes da Sagradas Escritura, sobretudo nos cânticos          do Servo Sofredor de Isaías e em Jesus, identificado como os “sem          esperança” e os rejeitados. Em alguns escritos e em suas pregações,          costumava comentar a figura do Servo Sofredor e a praticar o caminho do          aniquilamento e da esperança.
Frédy nasceu na Suíça e, desde os primeiros anos,          integrou-se à escola da Juventude Operária Católica          (JOC), sendo ele mesmo um operário. A Segunda Guerra Mundial e          o fato de ter sido prisioneiro do exército alemão revelaram-lhe          que toda guerra e violência são uma brutalidade e um horror.          Os membros da Irmandade que fundou carregam, ainda hoje, um pedaço          de tecido e o número de identificação de Maximiliano          Kolbe, mártir e santo dos campos de concentração          nazista.
À semelhança de Gandhi, Charles de Foucauld e Teresa de          Calcutá, inspirava-se na “não violência ativa”.          Trata-se de uma resistência contra qualquer tipo de opressão,          até oferecer a própria vida por amor aos pobres.
Chegou ao Brasil em 1968 e fez sua opção radical pelos          pobres em Crateús. Na dura seca do sertão de 1983, decidiu          ir trabalhar na frente de emergência, falando mais com a vida que          com as palavras. Carregava a enxada e o carrinho e juntava-se ao sofrimento          do nordestino. Sobrevivia, como qualquer um, com um mínimo de coisas          e nunca se deixou atrair pelo “demônio” do desperdício          e do consumismo. Quando, mais tarde, em 1988, mudou-se para São          Paulo, foi na favela Lamartine (Santo André) que arrumou um lugar          para viver. No meio dos “danados da terra”, continuou sua vida          de oração e de solidariedade.
“Padre Alfredinho era um homem de oração, contemplativo          e um místico”. Não lhe importava o barulho das músicas          e dos gritos da favela. É ali que, com o Cristo pobre, passava,          no incógnito e no anonimato, o melhor de sua vida.
Em 1995, com 75 anos, Alfredinho recebeu e acolheu uma grande graça:          ir morar com os sofredores de rua. E lá foi ele com os andarilhos,          dormindo ao relento e fazendo-se, ainda mais, excluído com os excluídos.          Ficou na rua até que a saúde permitiu, depois voltou para          a favela. Morreu no silêncio e no abandono, pobre com os pobres.          Foi sepultado sem pompa. Seus amigos e seus companheiros, no velório          e enterro, viveram a experiência viva da Ressurreição,          alegria pascal.
A Irmandade continua e os Servos Sofredores de Jesus (não de Alfredinho)          vivem a alegria da pobreza e da esperança.
 
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